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31.1.07

A chuva 

Tem chovido muito. Inesperadamente. Cidade estranha, essa. Dia desses, estava com mamãe comprando papéis e lápis para o irmão quando a terceira maior chuva do ano caiu. Muita chuva. Em Taguatinga, isso significa inundação. E irritação. Dirigir não é, definitivamente, algo que eu goste de fazer no meio do temporal.
Outro dia, me preparava para sair do carro no estacionamento do trabalho quando, novamente, a chuva. Peguei o indefectível guardachuva vermelho e lá fui, tentando preservar barras de calça e sapatinhos de boneca.
Outro dia desses, estava no caminho para buscar o companheiro do cinema quando... pum. Caiu o mundo. A segunda maior chuva do ano, e só estamos em janeiro. Quase fevereiro, vá lá. Muita chuva, muita chuva, vontade de voltar correndo pra casa e encontrar um brigadeiro pronto, um edredom quentinho, meias coloridas e aconhego.
Mas aí o carro já tinha passageiro, o cinema logo ali...
E lá dentro daquela sala todo e qualquer problema, todo o aborrecimento com a chuva torrencial, toda a irritação com o párabrisa embaçado. O cinema é mesmo um santo remédio para várias coisas. E naquelas duas horas, envolvidas pela irrealidade também sonora que é um filme, não ouvi nenhum barulho externo.
A chuva resolveu passar. Sorri. Existem coisas que eu gosto de fazer na chuva. Existem coisas que eu gosto de fazer para a chuva passar.

postado por antonina kowalski às 03:37
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18.1.07

Os caramujos normais 

A normalidade invertida da minha vida parece ter se acomodado de tal maneira que, a cada dia, sou brindada com novas descobertas e situações às quais não tenho muita alternativa a não ser me conformar ou sair correndo gritando. A manhã da quarta-feira, por exemplo, parecia um dia promissor. Dormi na casa de mamãe, brinquei com irmão e, ao acordar, fui tomar leite com nescau diante de um de meus passatempos preferidos, como já disse aqui.
Olhar os caramujos.
Sim, o caramujo-pai morreu. E mamãe comprou dois novos, ao módico custo de dois reais, para alegrar o aquário multicor lá de casa.
Uns bibelôs.
Um deles, singelo, estava grudado no vidro, bem no alto. Quieto.
O outro, do lado oposto do aquário, estava também quieto, sobre as pedras. Ou assim eu pensei. Quando, insidioso, o caramujo saiu de cima de onde estava, vi que não era sobre as pedrinhas que ele estava, mas sobre o cadáver, ou o resto de um, do peixinho dourado que o aquário tinha. Àquela altura do banquete fastidioso, sobravam apenas os frágeis ossos da cabeça e aquela espinha que nem engasgo provocaria. De lado, o caramujo não deixou a presa. Passou a tatear com sua membrana cor de bege em busca de algum restolho de carne de peixe de aquário. Procurou, procurou. Não tinha muito mais, nem olhos nem escamas.
Não me lembro muito do peixe. Pelos restos douradinhos, descobri a cor. Mas não sei bem qual deles era. Não importa.
O que importa é o comportamento tão antinatural do caramujo, um caramujo que deveria ser, segundo as leis naturais da natureza, vegetariano. Um caramujo que não deveria comer peixes mortos no aquário.
Mas, no final das contas, o que é o dever ser?
Um dia, me chamaram de caramujo. Eu gostei. Gostei muito. Tanta leveza, sutileza, toda aquela paixão de alimentar-se da ração, tanto vagar, tanta paciência. Talvez, afinal, eu não seja um caramujo. Pelo menos não desses que comem carcaças de peixes. Um caramujo, talvez do tipo que flutue encaramujado pela água. Lindamente.

postado por antonina kowalski às 19:01
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16.1.07

Humpf 

De Fulvio Stefanini para Juliana Paes em Pé na Jaca: "Casa Comigo. Toda mulher bonita merece um velho rico."
***
Alow?
Alguém se esqueceu de providenciar um pra mim! Cadê meu velho rico? Nem exijo muito não, pode só ter uma graninha, sabe? Han? O quê?
Ah, bem, é só pra mulher bonita tipo a Juliana Paes? Ah, ok. Vou ali jogar na megasena. Quem sabe.

postado por antonina kowalski às 04:11
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15.1.07

Os normais 

Normalidade é sempre um conceito tão, assim, flexível. Normalidade pode ser, se pensarmos bem, a época mais insana das nossas vidas. Ou normalidade pode ser uma merda.
Tive, por algum tempo, exemplos diários do tédio inescapável que pode rondar a normalidade. Ontem e hoje, porém, tive dois exemplos de como a normalidade pode ser... anormal.

Eu, o amigo, o canal pornô e a pizza
Domingo à noite, senhorita arruma o guarda-roupas, dando fim, três meses depois, ao caos que sua vida se tornou depois de uma temporada em São Paulo. Fui convidada pra conhecer o Sky Mais do amigo e vizinho e partilhar pizza.
Banho tomado, lá fui eu – a pé, vejam só.
O amigo apresenta a Sky Mais e confidencia: tem canais pornô. Fui ver, né. Tudo bem, era o canal pornô gay. Ele ligou e lá estava um casal exótico: negão mais travesti.
Toca a campainha. Tento mudar o canal, mas o controle é péssimo. O amigo abre e o entregador de pizza quase avança para dentro da casa. Quase.
Vê a cena da tevê 29 polegadas e estaca. Apareço, cabelos molhados (será que o casal faz sexo vendo pornô?, pensaria eu se eu fosse a entregadora). Fica mudo, quer sair dali, entrega a pizza e sai correndo, coitado. O amigo vira, pizza na mão. Começa a rir descontroladamente. Pizza+seriados+cocacola: uma noite de domingo mais normal, impossível.

Eu, Belle and Sebastian e o bicicleteiro
A normalidade continua flexível na minha vida. Hoje de manhã, seguia faceira para o trabalho modorrento ouvindo uma de minhas preferidas canções da banda escocesa. Fazia até dancinhas com as mãos, me lembro. Prestes a estacionar, quase lá mesmo, olho no retrovisor e um bicicleteiro maluco atropela meu carro parado. Saio do carro, chamo o dito de idiota e ele foge, andando errático na dita.
Música+sol+carro+estacionar: um início de segunda-feira mais normal, impossível.

postado por antonina kowalski às 14:24
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A desconstrução dos sonhos - parte 1 

Fundamental é mesmo o amor / é impossível ser feliz sozinho. É verdade que muita gente anda ficando famoso com merecimentos duvidosos, mas eu acho que o tom jobim não ficou famoso à toa. Ele sabia das coisas.
Antes de pensar muito em tom jobim abraçando árvores e amando o amor, andei tendo de pensar nas coisas fundamentais. Além do amor. E qual não foi a surpresa ao descobrir que muito, talvez tudo ou quase tudo, do que considerava fundamental estava errado, bem errado, e não chegava nem perto daquele âmago onde deve ficar o que, de fato, é fundamental.
Sempre imaginei, nesses sonhos infantis que insistem em perdurar, uma jornalista bem-sucedida, bem-relacionada, bem paga e bem bonita como meu futuro aos vinte e poucos. Quando tive que ir construindo esse futuro, porém, descobri muito cedo que havia alguns impedimentos a essa visão idílica da boa jornalista. Entre eles o fato de que, bem, eu odeio entrevistar pessoas. Fazer perguntas, usar crachá e apurar fatos.
Odeio.
Escamoteei essa verdade um, dois, três, quatro anos. Só deus sabe como, porque é fato público e notório que eu nunca escamoteio nada. Até o dia em que tive de lidar com essa verdade. Se eu não gosto de ser jornalista, eu gosto do quê? A resposta, óbvia, é: de escrever.
E então você tem de dar um monte de satisfações a pessoas próximas de você, explicações, e se envergonha das frases tão preconceituosas e montadinhas que você disse antes na alcova sobre trabalhos não-jornalísticos.
Depois, você tenta entender por que está tão angustiada com o fato de não estar fazendo aquela disciplina no mestrado como aluna especial. Tão angustiada mesmo. Afinal, você acabou de se formar, dois meses, depois de oito anos ininterruptos na faculdade e mais tantos na escola. Porque, afinal de contas, você sempre quis ser essa superprofissional dedicada ao mercado, e até seu orientador falou isso. Mas não é bem assim. No fundo, lá, no que é fundamental, o que é bom mesmo é estudar, aprender, mudar de opinião, refazer opiniões. E você realiza uma nova viagem de volta, em direção àquilo que faz de melhor: estudar.
E então ainda resta aquela questão que remonta às tardes deitada no sofá da sala e pensando na entrevista que daria à Marília Gabriela com as respostas prontas. O que fazer ao saber que o sucesso e a fama nacional e internacional não vão chegar? Como lidar com isso? Não sei. Mas já não me torturo tanto ao imaginar todas as pessoas de vinte e quatro anos que prosperaram e chegaram lá, porque afinal de contas 24 é o limiar da mediocridade, como todos sabemos. Um dia desses, descobri que não gosto muito de trabalhar, ao contrário do que sempre achei. E descobri que não me importo muito com os holofotes, como sempre achei. Me importo, na verdade, com uma vida boa, um corpo saudável, dinheiro pra gastar em futilidades, um bom vinho e tranqüilidade. De preferência, sem trabalhar das oito às dezoito.
Mas, mas, mas. E o amor? Onde o amor entra nisso tudo? O amor fica pros próximos capítulos.

postado por antonina kowalski às 04:23
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14.1.07

Constatações dominicais 

Eram três da tarde quando decidi fechar os olhos com a almofada azul-anil sobre eles. Na tevê, passava um reprise de seriado. No som da sala, música de rodeio. Era a cama do meu irmão, mas poderia ser a minha. Era o quarto do meu irmão, mas já foi o meu. A cama era outra, o armário também, mas as lembranças, todas elas, permaneciam ali. Eu, triste em algum momento da vida, aninhada sob o cobertor, ouvindo a voz distante da mãe a conversar qualquer coisa e me sentindo mais protegida que nunca.
Mesmo sem conseguir dormir às três da tarde ou a qualquer hora naquela tarde, mesmo que os brinquedos e os bichos de pelúcia nas paredes sejam outros, mesmo que a reprise de seriado fosse ruim, bem ruim, me senti próxima da felicidade. Quem sabe não falta pouco? Quem sabe nunca chego lá?

postado por antonina kowalski às 14:48
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9.1.07

Constatações citadinas 

Brasília é uma cidade sem tantas coisas. Às vezes, nos consolamos com uma viagem à praia. Às vezes, não podemos fazer nada contra o fechamento de cozinhas e a escassez noturna de cerveja.
Às vezes, nem percebemos, tamanho nosso costume inercial com essa cidade tão estranha, que mal tem engarrafamentos. E que nunca, nunca tem estacionamento.
Dia desses, descobri que a Brasília também falta algo essencial a qualquer cidade que se pretenda abrigar pedestres. A Brasília faltam bancos.
Não há bancos para quem chega ou parte, de ônibus ou de avião. Não há bancos para quem quer ver a bandeira hasteada lá no alto, nem há bancos para quem quer ver um ou qualquer palácio.
Não há bancos, quase, para quem quer ler à sombra na universidade. Nem para quem se cansa da caminhada no parque.
Não há bancos para quem vai àquela praça puro concreto ver a bola branca do Niemeyer.
Brasília foi uma cidade muito bem feita. Feita em mil dias. Com prédios arquitetonicamente corretos, prédios públicos interessantes, originais e coisa e tal.
Faltou a quem fez Brasília pensar em algumas coisas. Uma delas: que ia ter gente morando aqui; que ia ter gente morando aqui fazendo sexo; que o sexo dessas pessoas ia gerar mais gente. E que todas essas pessoas vivas e caminhantes um dia iam querer parar o carro numa vaga, descer e andar. E, quando se cansassem, quereriam se sentar num banco.

postado por antonina kowalski às 17:38
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6.1.07

eloisa to abelard 

Clementine: This is it, Joel. It's going to be gone soon.
Joel: I know.
Clementine: What do we do?
Joel: Enjoy it.

postado por antonina kowalski às 08:38
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4.1.07

Another year's list 

Fiz, eu também, resoluções para o novo ano. Nada grandioso, grandiloqüente ou ambicioso. São as pequenas metas, da pequena moça.
1. Sempre escada. Além de economizar energia elétrica, sempre é possível queimar umas duas, três calorias descendo ou subindo (no máximo três andares, nesse caso).
2. Vinho. Uma taça à noite. Em tempos de insônia, tristeza e solidão, sempre ajuda a dormir melhor.
3. Poetizar. Nunca mostrar pra ninguém, mas escrever sempre.
4. Tudo limpo. Mesmo com alergias, limpar a casa sempre e todos os dias.
5. Novos cabelos. Já que os ruivos deram azar, voltar ao princípio de tudo (que era mesmo?).
6. Um doce. Sempre que der vontade. Mas só um. Dos bons. E pequenos.
7. Gostar de mim. Sempre e cada vez mais, nem que seja só olhando no espelho e fazendo pose de gatinha.
8. Sempre chá e suco. Nunca comprar latinhas de refri charmosas pra decorar a geladeira. Nunca pedir coca na promoção do sanduíche.
9. Exercícios. É a última e mais importante, e também a mais difícil. Droga.

postado por antonina kowalski às 16:45
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3.1.07

O amor e eu 

Eu acredito no amor. Acima de toda e qualquer coisa. Em qualquer tipo de amor. Entre amigos, irmãos, pais, homens, mulheres, homens e mulheres. Mas me sinto cada vez mais sozinha nessa religião decadente. Todo dia tem alguém querendo ser auto-suficiente, independente, descolado e super legal sozinho.
Todo dia aparece alguém na tevê falando que quer se descobrir, e que por isso está sem sexo com amor, sem beijo com amor, sem carinho com amor, sem olhar com amor, sem sono e acordar com amor, há tempos.
Me chamem de conservadora, co-dependente ou até mulherzinha. Aceito. Minha defesa do amor é incondicional. Especialmente do meu amor.

postado por antonina kowalski às 17:01
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Constatações metafísicas 5 

Manias são obsessões que ainda não se tornaram entraves sociais. Tenho várias, como já comecei a dizer, nenhuma delas grandes entraves sociais (ou sim, se considerarmos que escrevo isso enquanto bebo, solitária e triste, uma taça de vinho tinto barato – e bom). Uma delas foi uma mania ensinada, se é que esse tipo de perversão individual pode ser passada de pai pra filho.
Bem, no meu caso foi de pai pra filha.
E, como nas manias anteriores, tem a ver com números. Papai sempre gostou de contar. Uma vez ele contou quantas vezes ele se colocava à minha frente em importância, e a conta deu onze.
Outras vezes ele gostava de contar os degraus da escada. Subíamos correndo, apostando corrida, e no final ele sempre dizia: 35, 47, 19, 23. Desde muitos anos atrás, quando apostei a primeira corrida pelas escadas com meu pai, que conto os degraus.
Todos. Dos três andares até o apartamento, do lance até o segundo andar da universidade, dos dois andares do trabalho, da casa da mãe.
Já cheguei a voltar degraus quando tive dúvidas das contas. Já pulei degraus pra contar as metades.
E hoje, quando contava pela primeira vez os degraus da escada que me conduz ao novo emprego, lembrei do meu pai, da infância, dos tempos em que grandes complicações eram prédios de dez andares. Não sinto saudade. Mas que era mais fácil, ah, isso era.

postado por antonina kowalski às 15:14
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2.1.07

Constatações metafísicas 4 

Quantos de nós temos manias que nunca chegamos a perceber até que nos causem algum embaraço, constrangimento ou problema profissional?
Muitos, certamente.
Eu sou uma dessas pessoas. Cheias de maniazinhas e maniazonas tão arraigadas que custo a perceber que estou fazendo o que estou fazendo compulsivamente.
Calma, não estou falando de transtorno obsessivo-compulsivo. Ainda.
Estou falando dessas coisinhas que nos pegamos fazendo automaticamente e irracionalmente.
Ao dirigir, por exemplo, eu tenho várias manias. Uma delas é abaixar o som quando estou fazendo manobras complicadas. Outra, clássica, é rearranjar os números das placas dos carros até eles virarem anos – essa funciona melhor quando temos 1 ou 2 na placa.
Outra, e essa é uma preferida, é fazer contas enquanto dirijo. Ou elaborar contas mentais que só podem ser feitas, por cidadãos comuns, com o auxílio da calculadora.
Exemplos: calcular quantos anos terei de trabalhar ainda com carteira assinada para me aposentar aos sessenta anos; quantos litros de gasolina tenho de colocar no carro para ir até a casa de mamãe; qual minha média de gasto com o celular diariamente, semanalmente, mensalmente, quinzenalmente. Han?
O mais intrigante na mania de contas é que elas são feitas sempre e somente quando eu estou dirigindo e sozinha no carro. E, sim, quando estou dirigindo e o ato de pegar o celular, destravar, achar a calculadora no menu e realizar os cálculos soa praticamente como suicídio lusitano.
Mas se eu não consigo fazer a conta de cabeça, manusear o celular é uma atividade amplamente dominada por mim. Garanto. Mas não divulgo nem modelo nem placa do carro. Sou um ás no volante, apesar das manias.

postado por antonina kowalski às 16:32
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1.1.07

constatações tristes 

E de repente dois mil e sete começou. Eu quase não percebi. Porque quando o ano começou eu estava ocupada, primeiro tentando ser feliz, depois chorando a infelicidade, depois chorando com o carro atolado na maior tempestade que Brasília já viu (ou que eu já vi em Brasília), depois tentando ler um livro, ver tevê, me afogar na solidão do edredom preto, depois lembrando que a data costumava ser especial.
E, como em outros anos, só eu. Aqui, sozinha, pensando na grande e hedionda merda que eu fiz. (e pensando, devo confessar, que a tristeza emagrece, o que é sempre um ponto positivo).
Pensando em todas as bobagens explosivas ditas tão na hora errada, em todas as brigas que o puro sentimento bélico aflorou, pensando em toda a carência, em toda a exigência, em todo o egoísmo, em toda a perturbação, em todas as horas erradas e em todas as coisas erradas. Em todas essas coisas que faz quem brinca de barbie quando deveria ser adulta. Coisas de meninas mimadas, que pedem desculpa e aprendem a lição tarde demais. Nem Jó teria tanta paciência.
Não existem muitas frases já prontas para momentos como esse. Algumas, intelectuais, dão conta de que “O amor é possuído pela carruagem de Tânatos”, outras, mais casuais, dizem que “shit happens”, outras, mais espirituais, que “nenhuma cruz é maior que, etc”.
Mas nenhuma frase, pelo menos nenhuma das poucas que li, nunca me disse como curar a dor. Assim como nunca disseram como a gente cura essa dor e esquece essa certeza tão grande de saber que teve tudo que importava na mão e deixou ir por incompetência.
A única frase que vem na minha cabeça agora é tão clichê que virou título de projeto de mestrado: all you need is love. All you need is your love, acrescentaria humildemente eu.
Não programei o calendário para os próximos 364 dias. Não programei minha vida. Não programei um dia pra deixar de sentir saudade. Meu único pedido de ano novo é um novo ano com uma nova chance, uma nova vida, uma nova de mim. E, claro, um reveillon melhor.

postado por antonina kowalski às 17:54
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