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25.11.07

Consulta 

- Primeiro vamos fazer seu histórico médico.
- Ok.
- Você tem alguma alergia?
- Hum, algumas.
- Quais, pode citar?
- Claro. Canela, rabanete, berinjela, siri, proteína, cafeína, cera de depilação, lente de contato, arroz, batata, leite, poeira, pelo de cavalo, pelo de gato, picada de inseto,
- Qual inseto?
- Todos os que já me picaram.
- Prossiga.
- Tá. Corante de fandangos, nescau, acho que acabou.
- (Suspiro). Já teve crises alérgicas então, eu suponho?
- Ah, já. Assim, praticamente uma por mês.
- E qual a manifestação alérgica?
- Todas. Respiratória, na pele, no olho e coceira.
-Hum, certo.
- Agora vamos às doenças agudas.
- Ok. Aos sete anos, tive uma anemia grave, quase um ano comendo beterraba, nhame. Mas antes disso tive rubéola e só descobriram depois. Com oito anos tive catapora, com dez, caxumba. Tive uma gripe muito forte aos 12 que acharam que era coqueluche, mas não era.
- Só um momento, preciso anotar.
- Ah, certo.
...
- Continue.
- Sim. Aos doze, engessei a perna pela primeira vez.
- Primeira? De quantas?
- Ah, de vinte e quatro. Mas das pernas foram só dezenove, porque três foram da mão e duas no pé.
- Certo.
- E aí eu tive que operar duas vezes o joelho esquerdo, e hoje eu tenho tendinite nas duas pernas.
- Com quantos anos?
- Catorze.
- Aí depois disso eu tive uma gastrite, já aos vinte anos, e fiquei muito mal, porque fui internada umas doze vezes o ano todo com diagnósticos errados.
- Certo. Bacteriana?
- Não, ainda bem.
- Algo mais?
- Ah, sim. Em 2002 tive infecção renal, foi péssimo, e depois disso eu tive uma conjuntivite alérgica horrorosa, e dores muito fortes nas costas.
- Infecção renal?
- É.
- Ah, e quando eu era menina tive uma infecção no ouvido que minha mãe quis curar com álcool quente e piorou tudo.
- Nossa. Mas você ouve bem?
- Perfeitamente. E só pra constar: eu nunca tive uma cárie na vida.
- Certo, vou anotar.
...
- Mas então, o que lhe traz aqui hoje? Qual problema dessa lista?
- Ah, doutor. É que eu estou muito bem. Já faz algum tempo. E acho que isso pode ser fatal.

postado por antonina kowalski às 18:08
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15.11.07

These are their stories 

Quando o amigo mostrou o seriado pela primeira vez, a senhorita não se empolgou muito. Na verdade, nem um pouco. Ok. Para ser sincera, nem viu.
Diante da insistência do outro, a senhorita resolveu assistir ao dito seriado. E foi aí que se apaixonou por Lei e Ordem Special Victims Unit, da qual acompanhou avidamente a sétima temporada, em que os detetives Benson e Stabler perseguem criminosos implacáveis por Nova Iorque.
Ela foi seduzida irremediavelmente.
Aí viu a oitava temporada toda e ontem se preparou para a estréia da nona como a noiva antes de entrar no altar. Expectativa, emoção, nervosismo.
Quando surgiu o primeiro acorde da vinheta inconfundível, junto com o texto que explica há nove anos o que eles fazem, senhorita K. e o amigo estavam felizes.
E ficaram felizes até o final do magnífico episódio a que assistiram. Com direito a convidada especial famosa.
Depois disso, ela se pôs a pensar nos motivos que a fazem amar Lei e Ordem Estupro:

Não é o corpo escultural do detetive Stabler.

Não é o fato de que os seriados policiais dos EUA apresentam um país tão cheio de malucos e psicopatas que a gente se pergunta se há alguém são na terra do tio sam.

Não é nenhuma predileção por serial killers.

Não é a paixão pelo sistema judiciário americano (que é, de fato, ótimo).

É a capacidade de os roteiristas em criarem histórias repletas com 376 reviravoltas em uma hora que parecem críveis o tempo todo e são as mais bem amarradas da tevê. Isso não é fácil. Alguns roteiristas não conseguem criar sequer uma história que faça sentido, quanto mais uma história em que a acusada vira vítima vira acusada em uma hora. O que é incrível e invejável em SVU é que, normalmente, em uma frase certeira se diz tudo o que, num filme, seria explicado em 10 minutos. E nós não sentimos falta desses 10 minutos.
Lei e Ordem SVU tem a rara capacidade de relaxar senhorita K. diante dos momentos difíceis da vida. Porque exige tanta entrega e concentração na assistência que é impossível, das 20h às 21h, pensar em banalidades como dinheiro, trabalho, estudo ou amor.
Viva a tevê.

postado por antonina kowalski às 04:56
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