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10.3.08

Banho de descarrego 


Os Walker a interessaram da primeira vez que os viu. Eles a conquistaram lá pelo quarto encontro. Conquistaram indubitavelmente. Senhorita K. esperava com ansiedade toda quarta-feira para se encontrar com eles, via 21 polegadas, às 23h.
E era tanta briga, tanto choro, tanta confusão, tantas novas revelações bombásticas sobre filhas, casos, traições, segredos, que Senhorita K. começou a achar sua vida boa demais, fácil demais. E ver Brothers and Sisters virou um momento de alívio diante de tantas tensões e tantas lágrimas do dia a dia dela.
Porque as lágrimas não eram pra ela. Eram pra Kitty e sua vida amorosa desastrada. Pra Sarah e seu casamento falido. Pro Tommy e sua insegurança. Pro Justin e sua infantilidade. Pro Kevin, não, pro Kevin não. Pra Nora, e todo seu sofrimento e toda sua força.
E quando a família Walker, depois de enfrentar o pior ano que uma família pode possivelmente enfrentar, pelo menos na tevê, se jogou na piscina lavando a alma, na mesma piscina onde no primeiro episódio o patricarca Walker morreu, o arco foi completo. Pois ali estava a família, lavando suas dores, tomando aquele banho de descarrego, comandada pela mulher que sempre foi o esteio por trás de toda a estabilidade, a matriarca.
Pra que ver novela das oito quando se tem isso?

postado por antonina kowalski às 10:28
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4.3.08

Pingos de chuva 


Quando era criança, Senhorita K. adorava tomar banhos de chuva. Um dia, lá pelos treze anos, chegou a esperar a chuva chover muito, muito forte, pra sair de casa sem guardachuva e ir na locadora pegar um filme. Entrou e saiu do lugar ensopada. Muito ensopada. E quando chegou em casa, e calha jogou toda a água do mundo em cima dela, o que foi ainda mais divertido.
O bom de tomar banho de chuva é chegar em casa, largar tudo no chão e entrar no banho quentinho, molhar os cabelos, sentir a pele se debatendo entre a água fria da chuva e a água quente do chuveiro.
E, depois do banho, claro, ficar ouvindo a chuva que ainda caía lá fora.
Isso eram bons tempos.
Aí ontem Senhorita K. foi almoçar com as senhoritas do trabalho ali no shopping. É um shopping pertinho, ao qual se vai a pé e se volta a pé com a doce impressão de se andar na cidade que nunca se anda.
Senhorita K. convenceu as meninas a andar, mesmo estando numa época em que chove todos os dias, o tempo todo.
Bem, quando as senhoritas saíram, não chovia.
Nem quando elas voltavam.
Até o meio do caminho.
Quando começou a chover muito.
E muito forte.
E a chuva ficava mais forte cada vez mais rápido, muito mais rapidamente que os passos de Senhorita K. e das outras senhoritas conseguiam ser.
E as três senhoritas tomaram um enorme banho de chuva, daqueles da adolescência. Elas iam reclamando, praguejando, mas rindo, divertidas.
Senhorita K. chegou ao trabalho, a sapatilha de tecido encharcada, as roupas idem, os cabelos com penteado perdido, mas estranhamente feliz.
Feliz naquele pedaço de adolescência não tão perdida que fazia coisas irresponsáveis.
Mesmo não tendo o banho quente depois, mesmo não tenho a serenidade de olhar a chuva cair depois, foi divertido.
E ela aproveitou a noite para olhar a chuva que ainda caía, molhando de leve suas mãos estendidas na janela.

postado por antonina kowalski às 09:45
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