<$BlogRSDUrl$>

space

17.7.08

Sintonia fina 



Porque tem gente que sempre pensa o que a gente está pensando em fazer, no tempo exato. O moço que desenha essas senhoritas que não são K mas bem poderiam, é assim. Bem no dia em que Senhorita K. se olhou no espelho e viu o tamanho (literalmente) do desastre iminente, ele deu um recado. Pra ver mais senhoritas em poses variadas e emoções idem, moidsch.

postado por antonina kowalski às 22:52
0 comentários links para o post

16.7.08

O Cortiço 

Não, não se trata de Aluísio Azevedo e suas mulatas Ritas rebolativas, nem de caboclos enfezados com peixeiras na mão. Mas poderia.
Senhorita K. mora num dos mais modernos cortiços da classe média candanga. Recheado com dez prédios de quitinetes e infinitos apartamentinhos minúsculos, o lugar não teve morte. Ainda. Tempos atrás, o condomínio foi acordado por volta das cinco da manhã por uma briga de casal dessas de novela. Gritos, choros, portas batidas, escândalos e tudo o mais. A cena foi tão divertida que, no dia seguinte, um dos pivôs da discussão pregou um papel nos elevadores pedindo desculpas pelo ocorrido.
Mas é na janela que se desenrolam as situações mais animadas do condomínio. Uma vizinha, por exemplo, adora trocar a blusa na janela. Aberta. Senhorita K. viu um dia, desviou o olhar. Outro dia, a moça resolveu fazer de novo. Tirou a blusa. Mas decidiu tomar banho. Entrou no chuveiro – sem cortina ou box, uma pobreza, e lá estava lavando a cabeça. Quando, de repente, o namorado entra junto para tomar banho! Sexo no chuveiro com a janela aberta... Poderia ser melhor?
Ah, poderia. Outro dia, Senhorita K. estava à janela observando seu fat naked guy do prédio da frente. O moço passa dias e noites vendo tevê só de cuecas ou mesmo sem elas. Até aí, nada demais, o moço gosta de ar na barriga.
Mas eis que numa noite Senhorita K. flagra o moço acariciando as partes íntimas com a janela completamente aberta! Sim. Batendo uma. Dias depois, o moço estava de roupão, no sofá. Tomando vinho. E acariciando um outro moço.
Senhorita K. pensa: quem precisa de canal pornô na sky quando tem isso? Não que ela sinta alguma felicidade no fat naked guy, mas ri que nem nos filmes de Emanuelle.
Mas a verdadeira indignidade do condomínio nem são as brigas, nem as cenas de sexo, nem o voyeurismo de Senhorita K. A verdadeira indignidade é morar num condomínio de apartamentos microscópicos e não colocar sequer uma cortina simpática à vista. Senhorita K., por exemplo, tem persianas pretas para esconder a luz e acalmar a alergia. Mas nunca teria um cobertor xadrez feio tampando a luz do dia e enfeiando não o apartamento, mas também a vida dos vizinhos que só têm um cômodo para viver. Dignidade, tok stok e bom gosto são tudo na vida.

postado por antonina kowalski às 12:23
0 comentários links para o post

3.7.08

Melenas 

Senhorita K. cortou os cabelos. Mas nem os jogou no mar, que ela já etá feliz da vida. Senhorita K. foi cortar os cabelos e se inspirou na moça do cinema e na moça da novela pra ter cabelos de moleque de novo.
Senhorita K. quis ser Mariana Ximenes. Pela segunda vez.
E, pensando em retrospecto, Senhorita K. se descobriu uma pessoa tão, mas tão vazia, que até os cortes de cabelo copia das estrelas de hollywood ou da globo.
Tudo começou em mil novecentos e noventa e dois. Senhorita K. tinha cabelos lisos não tão negros como os da índia na noite, mas grandes e grandes, tão grandes que ela não conseguia lavar e era Senhorita Baba quem os lavava, água fria, no tanque.
Até que Senhorita K. viu a descontrolada Débora em Felicidade, Viviane Pasmanter de chanel chique. Bastou um mês de novela para Senhorita K. tosar as madeixas no seu primeiro corte radical autônomo.
Senhorita Baba detestou. As colegas de cabelos ainda maiores e peitos idem (a vingança viria anos depois) da escola acharam ruim, mas no fundo era inveja da coragem de Senhorita K. de ficar muito mais moderna e diferente que o padrão cabelãopeitão.
Senhorita K. se manteve comportada até o segundo semestre de faculdade. Quando, em mil novecentos e noventa e nove, teve um pequeno piripaque e sumiu do mundo. Até então, os cabelos eram chanel clássico, naturais ou quase. Aí Senhorita K. se lembrou de Radical Chic e, sabe-se lá por que, cortou os cabelos tal qual uma lésbica raivosa. Bem raivosa.
O padrão cabelos curtos se manteve muito tempo. Tempo o suficiente para Senhorita K. querer deixar os cabelos crescerem.
Mas aí Mariana Ximenes entrou na vida de Senhorita K. com o corte argentinomoderno cheio de mullets quase Chitãozinho super fashion.
E Senhorita K. se empolgou e copiou.
Arrasou. Isso foi em dois mil e cinco.
Em dois mil e sete, entrou na moda o cabelo pontudo que era só da detetive Olívia Benson e de repente até Rihanna estava usando. Detetive Olivia Benson, Rihanna e Senhorita K.
E, em dois mil e oito, Mariana Ximenes voltou às nossas vidas como uma linda moleque de rua cheia de dinheiro. E Senhorita K., vazia e fútil como sempre, foi atrás.
Alguns diriam: get a life.
Senhorita K. dá de ombros e se considera a maior trendsetter proletária de cabelos do cerrado.

postado por antonina kowalski às 13:40
2 comentários links para o post

This page is powered by Blogger. Isn't yours?