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7.8.06

Aventuras caseiras 

A vida é feita de pequenas e de grandes obsessões. Não tem nada dessa história de som e fúria. Ou talvez tenha, mas o que importam são as obsessões, essas infinitesimais manias que consomem, se a gente deixar, as vinte e quatro horas de um dia.
Obsessões milimetricamente construídas sobre todos os destroços das desilusões e das não-realizações, capazes de tornar azul o mais nebuloso dia de chuva e desespero.
Eu tenho muitas manias e algumas pequenas obsessões que me consomem e me fazem consumir dinheiro, tempo, neurônios e a infelicidade em falsas felicitações.

Copos e canecas, de cerveja, de água, de leite, de café, de chá, estampados, de formatos originais, de vacas, de flores, para não beber nada, para beber tudo, grandes, pequenos, não cabendo no armário.
Bolsas estampadas, de veludo, enormes, redondas, quadradas, temáticas, importadas, originais, engraçadas, sérias, luxuosas, invejadas. Bolsas para acomodar os documentos e as obrigações.
Caixas de madeira, de papel, de plástico, de santos, de pin ups, de chicletes, de papelão, de chá, de livros, de presentes. Caixas para esconder as memórias, proteger as aflições e livrar da vista as fotos antigas.


Longe de serem desagradáveis, as pequenas obsessões são o que me fazem (e quase só o que me fazem) ter mais prazer na hora do trabalho, na hora de sair do trabalho, na hora de me deitar sozinha na cama, na hora de mexer displicentemente o leite puro com adoçante, na hora de lavar as mãos olhando os cravos do rosto. São as pequenas coleções de pequenas obsessões que me fazem mais feliz.
Como diria aquela professora num distante dia em que eu falei algo pouco crível e nada defensável sobre o amor, as pequenas felicidades. Ou as grandes e verdadeiras utopias. As caixas. Quem sabe.

postado por antonina kowalski às 19:31

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