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17.10.06

Aventuras caseiras 5 

Tenho carro desde os dezoito anos. Antes dos dezoito anos, não conhecia nada da vida, do mundo e de Brasília a ponto de precisar de carro. Então eu andava. Andava no meu pequeno universo de duas ruas e umas três casas.
Depois disso, dirigir virou uma de minhas paixões, mas isso é uma história antiga de narrativas passadas.
Dirigir por Brasília, o vento no rosto, a velocidade, as pistas vazias, a música, os pensamentos, o controle, o carro.
E aí eu vim para São Paulo.
E obviamente dirigir em São Paulo não é uma tarefa permitida a pessoas que desejam manter a sanidade intacta, por isso deixei o carro.
Senti muita falta de tudo a respeito de dirigir, especialmente a possibilidade de pegar o carro às duas da manhã e ir ao supermercado comprar coisas variadas para casa.
Mas nem toda ausência é desprovida de sentido. Em meio ao desconhecimento completo de uma cidade que não tem siglas, tem nomes de ruas, resolvi andar por São Paulo. Andar, andar, andar, e nos primeiros quinze minutos me senti uma primata dando os primeiros passos darwinianos da espécie, tamanha era a dor nas pernas, nos pés, o calo crescendo, a joanete doendo, o suor.
Aí passou.
E eu gostei de andar, de ver as coisas, são tantas coisas, ou nem tantas, mas sempre há coisas. E eu entendi que andar em Brasília é impossível porque a cidade é composta de grandes nadas e pequenas aglomerações.
Em São Paulo, é impossível haver nada. Há sempre algo, nem que esteja escondido, mas há. Pode procurar. E eu descobri que andar instiga a procurar. E, inevitavelmente, a achar.
Pena que nem todas as coisas escondidas estejam ao alcance dos pés. Ou das mãos.

postado por antonina kowalski às 21:30

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