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25.10.06

Aventuras caseiras 6 

O que nos cativa?
Todas as manhãs, em silêncio, me faço esta pergunta. O que, em mim, cativa o outro? O que me cativa? Sei muito pouco sobre mim, e aprendo menos ainda.
Mas sei o que me cativa nas cidades.
Flores e ruas.
Brasília, por exemplo, foi um amontoado indiferente de concreto por muitos anos, somente à espera da debandada, até que aprendi o sentido de andar nas ruas de Brasília.
Sempre reto, sempre rápido, nunca se perdendo, sempre com rumo. É importante ter rumos, sempre. Mesmo que não se saiba onde vai.
Antes de vir a São Paulo, pensava que a cidade me seria quase catártica. Até que vim e só senti frio. Nada mais. Nenhuma grande emoção.
Até o dia em que aprendi o sentido das ruas de São Paulo. Ora sobem, ora descem, ora se curvam, ora terminam sem se explicar. Ao contrário de Brasília, aqui se perde. O tempo todo. Andar nas ruas é uma intensa negociação entre onde se quer ir e o possível.
As possibilidades, infinitas, ainda assim são limitadas.
Quando enfim compreendi tudo isso, me encantei.
Um encanto quase similar àquele de quando passo pela pequena rua entre as asas em Brasília, a rua onde, por menos de um mês, florescem os ipês brancos que depois formam um tapete branco sobre a rua.
Um encanto quase similar às flores, às tantas flores, que se exibem em todas as ruelas de São Paulo, vendidas, expostas, decorando e ilustrando os prédios incolores ou cinza, todos sem graça, da cidade. Sorrio sempre que vejo essas flores, tenho ganas de levar vasinhos para casa e decorar esse objeto inexistente só com flores e vasos.
Como se vê, é preciso muito pouco para que a cidade me conquiste.
Sou fácil, quando se trata de concreto, telhados e tijolos.
As cidades, em retribuição, também se abrem fáceis.

postado por antonina kowalski às 10:19

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