Que mistério ocultará, mulher?
Quando era menina, colecionava revistas. Numa delas, havia duas listas de mulheres. De um lado, as mulheres “misteriosas”. Atrizes, vips, cantoras e afins que conservavam em torno de si enquanto caminham o fog permanente dos filmes noir, mesmo sem piteira, luvas e um assassino à espreita.
Do outro lado, as mulheres abertas, óbvias. As mesmas atrizes, vips cantoras e afins (ainda não havia, nos idos de oitenta e poucos, modelos-cantoras-atrizes-apresentadores tudo num combo só-peça pelo número, mas a carne é igual) que eram incapazes de esconder um amor, um dissabor, um escândalo.
De cara, mesmo com oito anos, entendi que pertenceria à segunda (e inferior, àquela altura) das mulheres sem segredo. Das mulheres facilmente desvendáveis.
***
Anos depois, as revistas que coleciono já não são as mesmas e pouco falam dos mistérios femininos. Na verdade, pouco falam de mulheres que não sejam mulheres produzidas em algum cinema para encarnar algum roteiro qualquer. Mas a incapacidade de guardar sentimentos e manter irreveladas todas as coisas que assim deviam continuar permanece.
Em mim como em todas. Nunca conheci uma mulher que fosse, de fato, um grande mistério. Nossas armas são velhas e apelam, todas sem exceção, à emoção e aos truques baixos da chantagem. Nossos métodos, idem. Nossa anatomia é dissecada sem dificuldades e cada vez mais.
Estamos aí expostas, à procura de um que nos queira mesmo já sabendo de antemão todos os passos possíveis, presumíveis e imaginados.
postado por antonina kowalski às 04:30
2dizem por aÃ:
suas revistas agora são de mulheres q assaltam as casas de seus ex-maridos...
sem mistérios... ppfffff... que mentira...
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