<$BlogRSDUrl$>

space

15.1.07

A desconstrução dos sonhos - parte 1 

Fundamental é mesmo o amor / é impossível ser feliz sozinho. É verdade que muita gente anda ficando famoso com merecimentos duvidosos, mas eu acho que o tom jobim não ficou famoso à toa. Ele sabia das coisas.
Antes de pensar muito em tom jobim abraçando árvores e amando o amor, andei tendo de pensar nas coisas fundamentais. Além do amor. E qual não foi a surpresa ao descobrir que muito, talvez tudo ou quase tudo, do que considerava fundamental estava errado, bem errado, e não chegava nem perto daquele âmago onde deve ficar o que, de fato, é fundamental.
Sempre imaginei, nesses sonhos infantis que insistem em perdurar, uma jornalista bem-sucedida, bem-relacionada, bem paga e bem bonita como meu futuro aos vinte e poucos. Quando tive que ir construindo esse futuro, porém, descobri muito cedo que havia alguns impedimentos a essa visão idílica da boa jornalista. Entre eles o fato de que, bem, eu odeio entrevistar pessoas. Fazer perguntas, usar crachá e apurar fatos.
Odeio.
Escamoteei essa verdade um, dois, três, quatro anos. Só deus sabe como, porque é fato público e notório que eu nunca escamoteio nada. Até o dia em que tive de lidar com essa verdade. Se eu não gosto de ser jornalista, eu gosto do quê? A resposta, óbvia, é: de escrever.
E então você tem de dar um monte de satisfações a pessoas próximas de você, explicações, e se envergonha das frases tão preconceituosas e montadinhas que você disse antes na alcova sobre trabalhos não-jornalísticos.
Depois, você tenta entender por que está tão angustiada com o fato de não estar fazendo aquela disciplina no mestrado como aluna especial. Tão angustiada mesmo. Afinal, você acabou de se formar, dois meses, depois de oito anos ininterruptos na faculdade e mais tantos na escola. Porque, afinal de contas, você sempre quis ser essa superprofissional dedicada ao mercado, e até seu orientador falou isso. Mas não é bem assim. No fundo, lá, no que é fundamental, o que é bom mesmo é estudar, aprender, mudar de opinião, refazer opiniões. E você realiza uma nova viagem de volta, em direção àquilo que faz de melhor: estudar.
E então ainda resta aquela questão que remonta às tardes deitada no sofá da sala e pensando na entrevista que daria à Marília Gabriela com as respostas prontas. O que fazer ao saber que o sucesso e a fama nacional e internacional não vão chegar? Como lidar com isso? Não sei. Mas já não me torturo tanto ao imaginar todas as pessoas de vinte e quatro anos que prosperaram e chegaram lá, porque afinal de contas 24 é o limiar da mediocridade, como todos sabemos. Um dia desses, descobri que não gosto muito de trabalhar, ao contrário do que sempre achei. E descobri que não me importo muito com os holofotes, como sempre achei. Me importo, na verdade, com uma vida boa, um corpo saudável, dinheiro pra gastar em futilidades, um bom vinho e tranqüilidade. De preferência, sem trabalhar das oito às dezoito.
Mas, mas, mas. E o amor? Onde o amor entra nisso tudo? O amor fica pros próximos capítulos.

postado por antonina kowalski às 04:23

0dizem por aí:

Postar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?