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20.8.07

Encantos de menina 

Uma das coisas mais divertidas da infância é o constante processo de encantamento desencantamento do mundo que vamos sofrendo a cada nova descoberta. Se, por um lado, descobrir o mecanismo da chuva desencanta a magia da água caindo do céu, a própria chuva e é, em sim, um pequeno milagre da ciência.
Em parte, eu não perdi a mania de me encantar desencantar. Até porque tem muita coisa no mundo que ainda me intriga.
(a própria capacidade de se intrigar, assustar, curiar, é também uma capacidade de menina).
Me intriguei durante semanas, por exemplo, com a desobediência da minha tevê. Programada para acordar às sete e dormir às dez da manhã, ela se desligava sozinha às nove, sem nenhuma instrução, no meio da competição de receitas da Ana Maria Braga. Até que um dia, como um estalo ou lâmpada do professor Pardal, entendi do que se tratava. Se desencantava um pedacinho do meu mundo, ficava ao mesmo tempo encantada por descobrir o que havia por trás do meu assombro. E encantada com a esperteza da coisa em si.
Aconteceu de novo dia desses. Fiquei estupefata de perceber que os carros entram nos shoppings pelo lugar mais óbvio, pela porta, e que era, também, por isso, que todos os shoppings têm portas tão grandes. O lugar de entrada dos carros em exposição nos shoppings era uma dúvida que me cercava em segredo há tempos.
Mesmo que os cabelos branqueiem, que as rugas cheguem, que as juntas ranjam, que a paciência termine, que fique sempre a capacidade de maravilhamento da menina pequena que um dia descobriu como era o seu mundinho.

postado por antonina kowalski às 10:13

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