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5.9.07

Ilusão coletiva 

Há tempos, em outras paragens, falei um pouco sobre essas coisas tão incongruentes do mundo que só podem ser ilusões coletivas. Coisas que não fazem sentido existir. Coisas absurdamente. Como as girafas, que já nascem caindo dois metros de altura rumo ao chão. Como os quindins. Tão absurdamente deliciosos que não podem existir no mundo físico, só no mundo ideal que já não nos lembramos como é depois de passar pelo rio Letes.
Pois. Mesmo uma teoria tão bem desenvolvida e sintética como esta nunca encontrou muitos ecos na comunidade de admiradores das girafas, de Malvino Salvador ou dos quindins. Mas hoje tive uma prova cabal, senão para o mundo, para mim, de que os quindins não existem.
E pior: como as pessoas se iludem cada vez menos, e cada vez menos com quindins, já que outras ilusões coletivas andam injustamente ocupando o lugar da iguaria, a ilusão coletiva dos quindins também está morrendo.
Almocei. Com sr. Babo. E fui atrás de um doce quindim para alegrar a tarde, o dia, a vida e as gorduras da barriga.
Andei por ali. Por acolá. Na confeitaria que fechou. Na padaria. No café. No outro café. No shopping. Na lanchonete.
E não fui capaz de achar nem um quindim de amarelo embranquecido, envelhecido, queimado, com coco demais, coco de menos, para me saciar o desejo. Nem um. Nenhum.
Tive de me contentar com um casadinho passado que, ante meu desprezo nas mordidas, se jogou no chão do shopping e, do chão, foi para o lixo.
E eu continuei com a vontade desesperada do quindim.
Vou iniciar um movimento de pensamento positivo em volta da imagem do quindim para ele voltar à ilusão coletiva mundial. Talvez um documentário: o segredo do quindim – pense e ele aparece. Ou talvez eu atravesse o rio Letes para viver do lado onde as idéias são mais claras e mais doces, e mais vivamente irreais.

postado por antonina kowalski às 13:12

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