Consulta
- Primeiro vamos fazer seu histórico médico.
- Ok.
- Você tem alguma alergia?
- Hum, algumas.
- Quais, pode citar?
- Claro. Canela, rabanete, berinjela, siri, proteína, cafeína, cera de depilação, lente de contato, arroz, batata, leite, poeira, pelo de cavalo, pelo de gato, picada de inseto,
- Qual inseto?
- Todos os que já me picaram.
- Prossiga.
- Tá. Corante de fandangos, nescau, acho que acabou.
- (Suspiro). Já teve crises alérgicas então, eu suponho?
- Ah, já. Assim, praticamente uma por mês.
- E qual a manifestação alérgica?
- Todas. Respiratória, na pele, no olho e coceira.
-Hum, certo.
- Agora vamos às doenças agudas.
- Ok. Aos sete anos, tive uma anemia grave, quase um ano comendo beterraba, nhame. Mas antes disso tive rubéola e só descobriram depois. Com oito anos tive catapora, com dez, caxumba. Tive uma gripe muito forte aos 12 que acharam que era coqueluche, mas não era.
- Só um momento, preciso anotar.
- Ah, certo.
...
- Continue.
- Sim. Aos doze, engessei a perna pela primeira vez.
- Primeira? De quantas?
- Ah, de vinte e quatro. Mas das pernas foram só dezenove, porque três foram da mão e duas no pé.
- Certo.
- E aí eu tive que operar duas vezes o joelho esquerdo, e hoje eu tenho tendinite nas duas pernas.
- Com quantos anos?
- Catorze.
- Aí depois disso eu tive uma gastrite, já aos vinte anos, e fiquei muito mal, porque fui internada umas doze vezes o ano todo com diagnósticos errados.
- Certo. Bacteriana?
- Não, ainda bem.
- Algo mais?
- Ah, sim. Em 2002 tive infecção renal, foi péssimo, e depois disso eu tive uma conjuntivite alérgica horrorosa, e dores muito fortes nas costas.
- Infecção renal?
- É.
- Ah, e quando eu era menina tive uma infecção no ouvido que minha mãe quis curar com álcool quente e piorou tudo.
- Nossa. Mas você ouve bem?
- Perfeitamente. E só pra constar: eu nunca tive uma cárie na vida.
- Certo, vou anotar.
...
- Mas então, o que lhe traz aqui hoje? Qual problema dessa lista?
- Ah, doutor. É que eu estou muito bem. Já faz algum tempo. E acho que isso pode ser fatal.
postado por antonina kowalski às 18:08
4dizem por aÃ:
é sempre assim... quando a gente percebe que está tudo bem até assusta... acha estranho... aquela teoria do "medo da felicidade" as vezes me convence...
Post bom demais!
Parabéns srta. K!!!
Essa pessoa existe? achei que eu tivesse sido a criança mais doente e mais engessada de todas. Perdi o posto
Ok, parte disso é ficção, né?
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