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11.2.08

A vida em Marte e a fantasia 

Depois de tonturas, quedas no chão, galos na cabeça, choros, brigas, irracionalidades mil e dez páginas perdidas de uma dissertação, Senhorita K. tentava se distanciar timidamente do poço de arrependimento e tristeza que seu domingo seria. E tudo parecia bem enquanto ela assistia a mais um perfeito episódio de Life on Mars. Intrigantemente, foi um dos poucos episódios em que Sam Tyler estava errado sobre o crime (um paquistanês morto na loja de discos na Manchester de 73). Ele defendia que o crime era racial; seu chefe, que era motivado por tráfico de heroína. O truculento Gene estava certo dessa vez.
Mas quem se importa realmente com o crime quando a vida pessoal de Sam parece se entranhar tão completamente no episódio, deixando-o maluco diante da exibição de um filme de Bollywood (!!!) na década de 70 numa casa paquistanesa.
Ele ouve, em algum lugar de seu subconsciente, a voz de Maya, sua namorada nos anos 2000, dizendo que o ama, mas que o fato de ele não estar morto dificulta sua aceitação da dor e que, por isso, ela vai parar de vê-lo.
Ao mesmo tempo que sofre com isso, ele quase se envolve com uma linda inglesa chamada Layla Dylan, que só se chamava assim porque gostava da música :). E que na verdade tinha um nome bem familiar a Sam: o nome da mãe de Maya.
No final das contas, ele descobria que Layla não Layla estava grávida de uma menina, cujo aborto ele impede, e que o pai era o paquistanês morto.
Uau! Ele viu a futura namorada no ventre da mãe, em 1973. Ele inclusive disse “Maya”, e Layla não Layla respondeu que era um lindo nome, e que daria à filha. O futuro interfere no passado o alterando, ou é tudo destino?
Senhorita K. nem teve tempo de discorrer sobre essas coisas tão importantes, porque o narrador falou “no próximo domingo, no penúltimo episódio...”. Como assim, penúltimo? Ok, Senhorita K. sabia que eram oito no total. Sabia que aquele era o sexto. Mas depois de um fim de semana com overrealismo, ela precisava desesperadamente de um pouco de fantasia para se animar um pouco e parar de pensar que, ela também, vivia em Marte.
Pelo menos ainda teve Woody Allen num daqueles momentos de genialidade que pouca gente consegue explicar e – mais importante – alcançar como o camaleão humano em Zelig. Tudo porque ele nunca lera Moby Dick. Nem ela.

postado por antonina kowalski às 11:45

1dizem por aí:

At 12/2/08 06:17, Anonymous Anônimo disse...

Engraçado como é bom acompanhar seu blog. E olha que eu nem gosto desse seriado...

 

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