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26.8.08

Fantasia 


Senhorita K. já tentou fazer academia algumas vezes. Muitas. Em todas, deu errado. Não ia à aula, odiava os instrutores, odiava os outros academistas, odiava os espelhos, odiava as roupas e, especialmente, odiava suas gordurinhas.
Quando, em 2008, as gordurinhas começaram a ser um fardo e um peso maior que sempre foram, Senhorita K. resolveu tomar uma atitude.
Resolveu fazer uma atividade diferente.
Foi fazer balé.
Senhorita K. mal consegue colocar o pé em primeira posição, graças aos anos de botinha ortopédica que a mãe lhe impôs.
Mal consegue ficar em meia ponta.
Mal consegue se equilibrar longe da barra.
Mal consegue entender a seqüência de pernas abertas, pés pros lados, rodopios, trocas e dobras que cada passo de nome francês exige.
Mas os momentos de pânico verdadeiro surgem mesmo quando Senhorita K. tem de dar piruetas, saltos ou pulinhos discretos. Nesses momentos, Senhorita K., que é uma das duas iniciantes completas da turma (a outra é Senhorita R.) e a mais cheinha da turma, se sente uma das hipopótamas dançantes de Fantasia. Sente que, a qualquer momento, o chão vai quebrar ante seu peso desabando no chão numa tentativa desajeitada de plié.
Mas tudo bem. Senhorita K. se diverte, ante o próprio episódio dantesco de suas investidas pelo mundo de Ninjinski. E sente um pouco de vergonha pela gordura e pela flacidez. Mas só um pouco.

postado por antonina kowalski às 10:14
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13.8.08

Senhorita K. e o Olimpo 

Senhorita K. adora esportes olímpicos. Mas alguns deles se recusaria a praticar. Por motivos diversos, não se adequam à personalidade luminosa dela.
Ginástica olímpica: Senhorita K. acha tudo lindo, morre de vontade de colocar o pé na cabeça, mas, sinceramente, misturar mel com magnésio e passar no corpo para dar mais aderência? Não.
Vôlei de praia: areia entrando pelos fundilhos, ladinhos, pelo olho, na boca, no cabelo. Diz que até no ouvido entra areia. Affe.
Hipismo: é chic de doer. Dói tanto que dá hemorróida.
Ciclismo: também dá hemorróida e assaduras. E nem é chic.
Judô: é inaceitável uma luta em que sua roupa fica saindo, desarrumada, o tempo todo, e você só pode arrumar no final.
Nado sincronizado: um pregador no nariz? Nunca.
Luta livre: roupas horrorosas e nem tem gel.
Saltos ornamentais: já viram os maiôs das moças entrando por todas as fendas no impacto do salto? Pois é, todo o mundo já viu. Todo o mundo.
Vela: ninguém assiste, ninguém entende, a gente só sabe que o loiro gatão ganha ouro. E a visibilidade no Jornal Nacional, onde fica?
Hóquei, badminton, softball: são esportes que obviamente não existem e integram o time das ilusões coletivas ao qual pertencem as girafas.

Agora, existem outros esportes que, por outro lado, Senhorita K. ficaria tremendamente feliz em praticar olimpicamente. A maioria deles, por pura inveja:
Salto com vara: todas elas têm corpão.
Ginástica rítmica: é lindo, tem fitas coloridas, colãs brilhantes, maquiagens de drag queen e corpão.
Tiro: alivia todas as tensões. E a gente sempre pode fingir que o alvo é o chefe.
Natação: quem se importa em nadar? Senhorita K. ia ficar olhando os nadadores gatões.
Tênis: saiotes e vestidinhos lacoste que nem os da família finzi-contini. Chic. Chic.

postado por antonina kowalski às 14:08
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11.8.08

O Olimpo, pt. 2 

Ver a olimpíada é realmente uma prova de que os gregos estavam certos em adorar os deuses. Todos eles. Menos Hefesto, que, dizem era feio como o quê. E Senhorita K. finalmente entende, vendo todos os deuses não astronautas mas estrangeiros, sua adoração infantil por mitologia.
Mas ver olimpíada também propiciam momentos de puro deleite cômico. Como a cena da madrugada do sábado:

3h30 da manhã, Senhorita K. acorda Sr. Namorado.
- Acorda!
- Que foi?
- Está tocando Ilariê no vôlei de praia.

O olhar assassino que se seguiu à frase, infelizmente, não pode ser reproduzido em palavras.

Ou a cena da segunda à noite:

19h30 da noite, Senhorita K. liga para Sr. N.
- Está tocando Ilariê nos saltos ornamentais.
- Han?
- Em Pequim!
- Han?
- Em espanhol!

Alguns segundos até a compreensão e risada inconfundível de Senhor N. ante à globalização da rainha dos baixinhos em Pequim.

postado por antonina kowalski às 15:40
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O olimpo 


Senhorita K. nunca foi boa em esportes. Nenhum esporte. Senhorita K. era um verdadeiro fiasco. Tanto que, lá pelo sexto, sétimo gesso na perna, seu pai a aconselhou a nunca, nunca mais praticar nenhum esporte que envolvesse contato com outras pessoas, para evitar o risco.
Senhorita K. seguiu à risca o conselho.
Não que ela goste lá muito de esportes. Mas Senhorita K. é viciada em jogos olímpicos. Não gosta muito, é verdade, desses jogos disputados do outro lado do mundo, com fuso horário invertido. Isso a obriga a ficar acordada até 2h, 3h da madrugada e acordar novamente às 6h, pra não perder nada. Nadinha.
Há momentos inesquecíveis, emocionantes, divertidos, vergonhosos. E há, claro, os homens olímpicos. Vendo a olimpíada Senhorita K. entende o original e mais puro significado dos jogos: o culto ao corpo e à beleza. Fair play... pfff...
Senhorita K. teve uma amostra clara do que seriam esses jogos logo na abertura, ante a visão da delegação espanhola. Jesus. Beleza, beleza, beleza, barbas, cabelos ao vento e braços enormes.
E aí tudo se concretizou e todas as horas gastas diante da tevê valeram a pena na premiação do revezamento quatro por cem. Não, não é o Phelps, por quem Senhorita K. sente simpatia desmedida. Foi o segundo australiano, esquerda para direita, ganhando a medalha de bronze. Um loiro alto, bonito e sensual, do jeitinho que a música pediu a Deus. Lindo, lindo. Um verdadeiro deus grego com corpão. Pode ser melhor? A pena é que dura só quinze dias.

postado por antonina kowalski às 10:33
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