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21.10.07

Era uma vez 

Ser geminiana impõe várias condições. É a coisa mais entrecoisas que alguém pode ser no mapa astral. Porque são tantas coisas, sempre, o tempo todo. Geminiano adora reunir tudo. Mas aí aparecem as escolhas, as decisões. E é sempre tão difícil fazer uma escolha, tomar uma decisão dói tanto a cabeça, que o geminiano acaba se afogando na inércia de, ao mesmo tempo, não fazer absolutamente nada, e, de outro, não parar de pensar desesperadamente em tudo que poderia estar fazendo.
Essa senhorita, que é geminiana, é bem assim.
Passa anos da vida com a mesma idéia fixa, sobre a qual, contudo, é incapaz de decidir qualquer coisa.
A única parte fácil da vida dessa senhorita é escolher que livro ler. As opções normalmente são quase inifinitas, tem os de estudar, tem os do amigo, tem os comprados e nunca lidos. E tem os de criança.
E são esses, no fundo, os que a divertem. Os livros de criança.
Porque são os livros que possuem as maiores e mais profundas verdades absolutas sobre qualquer coisa, escritas numa linguagem sem qualquer empolação e pretensão e tão cheias de simbolismos mágicos capazes de apagar qualquer tristeza, fazer aparecer qualquer sorriso e embalar com sonhos divertidos qualquer sonho.

postado por antonina kowalski às 11:30
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17.10.07

Desperate housewife 

Uma das partes divertidas e complicadas de crescer é aprender a se virar sozinha. Ainda mais quando se foi, até os vinte e poucos anos, rainha de um quarto de menina no qual nem o copo do nescau era retirado do criado mudo.
Alguns, como esta senhorita, vão aprendendo aos poucos, muitos trancos, risadas e cicatrizes. Foi como pegar o secador com displicência no banheiro e, cinco segundos depois, estar catando os cacos do suporte de porcelana da escova de dentes que se enroscou no fio.
Ou como ir pegar uma revista na mesa de centro e espatifar o suporte de vela de flor vermelha de vidro reciclado. Ainda há cacos até hoje debaixo do móvel.
Ou como acender uma inocente vela perfumada para tirar o cheiro de pipoca queimada que persiste desde domingo, mesmo com as janelas abertas por todo o tempo do mundo.
Acender a vela e, ao ir movê-la de lugar, derrubar uma prateleira em cima do computador, a vela acesa em cima da mão, roupa e perna até salpicar o chão de cera vermelha e queimar três dedos, machucar uma perna e estragar uma blusa querida. E ficar em pânico choroso por alguns minutos.
E uma bolha no dedo. E uma blusa a menos. E a insistente constatação de que algumas senhoritas nasceram mesmo é pra serem servidas. Ou para serem atentas. Tanto faz.

postado por antonina kowalski às 09:16
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Índia, a tua imagem, sempre, comigo vai 

Até meus catorze anos, por aí, minha mãe, duas, três vezes por semana, enfiava minha cabeça no tanque frio na área de serviço e lavava meus cabelos enormes, lisos e castanho-escuros.
Aí eu cortei os cabelos.
Mas, em vez de me livrar dos infortúnios com a melenas, elas se multiplicaram proporcionalmente e inversamente ao número de centímetros que eu tirava a cada vez que ia ao salão. E eu ia (vou) muito.
Sempre tive cabelos lisinhos, como índia.
Até jogar um loreal vermelhos intensos nele, repicar tudo de mês em mês e renegar vários passados.
Mas, apesar de gostar muito dos meus cabelos, eu sou uma senhorita preguiçosa. Não tenho ganas, nem habilidades, devo confessar, de ficar horas escovando. Ou usar bobes. Ou pomadas (eca). Ou qualquer coisa. Então por muito tempo meu cabelo foi aquela coisa assim, moldada ao redor do rosto pelas marcas dos óculos, rabodecavalo permanente, ou coque, ou desajeito, ou presilhas. Nada bom.
Até o dia em que eu roubei a mousse de abacate da Wellaton de mamãe.
Tinha cabelos curtinhos na época, mas mesmo assim eles continuavam indomáveis e feios e sem graça. Até usar o modelador no cabelo molhado, deixá-lo duro, dirigir ao sabor do vento até o trabalho e, antes de me apresentar em público, passar um pente pra amolecer as madeixas. Que, oh que alegria, continuaram modeladas como secaram!
Era minha descoberta pessoal do fogo. Minha nova e exclusiva ferramenta de sobrevivência.
Foi divertido descobrir que as meninas preguiçosas e pouco vaidosas também mereciam cabelos bonitos.
A partir dessa percepção, todo um novo mundo se abriu para mim. Quando cortei meus cabelos à moda Joeyandthepussycats slash Farrahn Fawcett, descobri um jeito infalível de eles ficarem como se tivessem sido escovados perfeitamente para trás, perfeitamente dancin days. Era só dirigir com as janelas abertas e o ar quente ligado no máximo. Chic total.
Acho que, com todo esse know how da mulher moderna e preguiçosa e sem dinheiro para a chapinha semanal e antenada com as tendências de moda, eu certamente merecia uma coluna no Hoje em Dia da Ana Hickmann.
Meninas, anotem: mousse de abacate da Wellaton, ar quente do carro+janelas. E quando os cabelos estiverem ruins num pedacinho, presilha naquele pedaço antes de dormir.
Qualquer dia desses eu falo sobre o talco e sobre os acréscimos na maravilhosa linha para cabelos da Seda.

postado por antonina kowalski às 08:42
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13.10.07

A rosa púrpura do cairo 

A vida é tão diferente de como aparece nos filmes (e é tão mais agradável lá) que, às vezes, fico me perguntando como faço para ajustar minha vida a um roteiro. Se minha mãe morresse amanhã e eu me visse tendo de cuidar do meu irmão, há uma longa lista de coisas que eu nunca poderia fazer, simplesmente porque não sou um personagem:

1) Assistir a vídeos antigos de família, porque minha família nunca teve filmadora;
2) Folhear um enorme álbum de fotografias que documenta toda a vida do meu irmão ao lado da minha mãe, porque ela detesta fotografias;
3) Fazer guerra de travesseiros, porque eu odiaria ter de arrumar tudo depois;
4) Fazer guerra de travesseiros de penas, porque os meus são sintéticos e antialérgicos;
5) Levar o irmão para o trabalho e faze-lo se divertir, porque uma redação não é lugar legal pra um menino;
6) Tirar fotografias divertidas nas máquinas instantâneas na rua, porque aparentemente aquilo só existe em Nova York;
7) Fazer um quarto não previsto para uma criança parecer aconchegante em dois dias.

Em alguns momentos da vida, eu queria muito, muito mesmo, estrelar um filme. De qualquer gênero.

postado por antonina kowalski às 19:55
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7.10.07

Pela metade 

Eu estava bebendo vinho, bem, porque era sexta-feira. Garrafa e meia só pra mim, que todo mundo decidiu beber cerveja.
Em algum momento da noite, a taça cheia foi se alojar no ninho do tapete preto de amarradinho. Taça intacta, tapete fedido, pano de chão roxo, uma taça de vinho a menos.
Coincidência ou não, foi pouco tempo depois que eu notei que não conseguia pronunciar o nome do servidor do emule, nem me lembrar da edição da piauí que queria mostrar, e as folhas insistiam em voar da minha mão descoordenadamente, sem parar na página certa, e eu ria bastante.
Era uma outra taça, pela metade, quando percebi que a partir daquele próximo gole, que estava prestes a dar, não poderia mais fazer promessas.
Em obediência aos meus neurônios em festa alcoólica e descontrolados, mas ainda responsáveis, deixei a taça na pia e fui rir de uma piada de que já não me lembro alta, mas não bêbada. Risonha, mas não trôpega.
Que eu não gosto de lembrar dos dias em que fazia promessas de não dar vexame para, em seguida, fazer isso mesmo. Dar vexame. Eu não queria me envergonhar.
Aí eu fui dormir. Não sem antes dar um beijo plenamente consciente no sr. namorado.

postado por antonina kowalski às 19:27
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3.10.07

Olha que coisa emocionante. Depois de mais de um mês sem nada novo para ver na tevê a não ser as temporadas jurássicas de America's Next Top Model, Project Runway e Hell's Kitchen, que até meu bambu da sorte já sabe quem ganhou, finalmente semanas felizes no final de setembro. Primeiro, a volta de Heroes. E aí uma quarta-feira dupla, com a estréia brasileira de Next Top Model (e Brasil com Z) e Brothers and Sisters. Vi a primeira. A segunda vai começar em oito minutos.

Sobre Brazil's Next Top Model:


Rostinho formato triângulo

1) Ainda tenho medo da sobrancelha da Fernanda Motta. Mas ela mandou muito, muito, mas muito melhor que eu imaginava.
2) Herchcovitch foi abusado na infância. Ele era obrigado a olhar, diariamente, o quadril de 127 centímetros, vulgo um metro e vinte, da mãe dele. É a única explicação para a fixação com ancas.
3) Pazetto blé. E, alô, ele é um cartoon character. Desenhadinho.
4) Alguém contrata um redator / revisor? Textinhos fora do padrão, pontuação errada, concordância derrapante.
5) Eu trocava as quatro eliminadas de cara pela goiana brega (rá. goiana brega é pleonasmo), pela mocinha da boite-malhação de pernas feias e pela menina papuda (ok, faltou uma pra fechar a conta, mas a idéia permanece). Talvez o et de Varginha piauiense vazasse também.
6) Gostei de mostrarem um mini composite das fotos que elas fazem. Pena que o foco das fotos é inexistente, mesmo com lentes de 10 graus.
7) Achei o ensaio fraco. A qualidade das fotos escolhidas.
8) Fotógrafo é o famoso senhor quem? Apresenta o moço, gente.
9) Mula com lata. Guria chata, hein?! Odeio gente politicamente correta.
10) Edward Scissorhands na menina ruiva, pelamordedeus. E chapinha, muita chapinha porque aquele cabelo LISO tem seis centímetros de volume. O que ela esconde ali embaixo?

Gostei, no geral.

postado por antonina kowalski às 18:49
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2.10.07

Uma trégua, por favor 

2007 tem sido um ano difícil. Senhorita K. diria intransponível, não fosse o fato incontestável de estarmos em outubro já, mais perto de transpô-lo que de ficarmos no caminho. Esse ano difícil, daqueles pedrgulhosos, teve doença em excesso, raiva em excesso, choro em excesso, imprevistos em excesso. E dinheiro em falta.

E, é claro que senhorita k. tem uma teoria. Uma das boas.

Ela diz, todos os dias, quando alguém faz a nova reclamação da semana, o novo desabafo, a nova desistência, que é tudo culpa de Plutão.

Afinal, se quando era parte do panteão planetário da via Láctea Plutão já dava trabalhos, imagina como reagiria sendo rebaixado de planeta a astro qualquer?

Eu reagiria tal qual Plutão. Iria me colocar em alinhamento com Marte ou qualquer outra conjunção astral e infernizar a vida de todo mundo que, em momento algum, reclamaram o fato de um planeta que fez parte da educação coletiva de um dia para outro ter virado pó e diminuído a lista de nove pra oito, e deixado as aulas de geografia mais simples e dificultando o ensinamento noturno dos pais aos filhos e etc.

E mais: se eu fosse escorpião, o signo-irmão do planeta que já não é, também me rebelaria. Colocaria todos os outros 11 signos em um inferno astral de um ano. Mas, opa! Não é justamente isso que está acontecendo? O aniversário da senhorita K. foi há meses, mas a impressão de que todo o universo conspira para que tudo, da omelete à edição do filme, dê errado durante aqueles 30 dias que marcam a cada vez mais dolorosa passagem do calendário.

Senhorita K. sabe que sua vida, toda ou quase, é regida por Mercúrio e pelo signo irmão, Gêmeos, e que portanto falar demais é parte de sua natureza. Mas quer, aqui, propor um acordo a Plutão e escorpião. Uma trégua. Até dezembro. Até que os astrônomos revejam as observações (ainda que nina não possa prometer a revisão), até que o ano acabe e que 2008 seja regido por algum outro astro celestre. Um descanso, por favor, que este corpo cansado merece.

postado por antonina kowalski às 12:25
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